Diários Noturnos

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20 de março de 2015

A muda do jardim inflamável

Existem dias
que são noites.

À flor do fogo,
há uma escuridão
com a força
de um incêndio.

Resolvo a cegueira
para 
ver melhor
o vermelho
do núcleo
sem centro.

O que importa
na vida
é o que
nos escapa
do fim
dela mesma.

Sejamos
antes
que mortos
e apesar
de vivos.

A extremidade
é um
branco
mais fundo
que o oceano:

Tão real
que não sobra
fagulha alguma
de existência.

A hipérbole radical
que tem ombros
para todo peso
semântico-substancial
é o amor.

O que fica por dizer
aduba o amanhã
depois de uma
noite inteira
florescendo
a ferro e fogo.

Tem dias
e noites
que as palavras
me faltam?
se ausentam?
morrem?

Não durmo
nem acordo,
discordo
de tudo,
muda inteira.

A muda
do
jardim
inflamável.




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'O ar está tão carregado de espíritos que não sabemos como lhes escapar.'(Goethe in Fausto)

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